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Canteiros de obra no Brasil: parque de diversões do capital

Escrito po: Claudio Gomes, presidente da Conticom/CUT (Confederação Nacional dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção e da Madeira)

24/08/2011

Claudio Gomes, presidente da Conticom/CUT (Confederação Nacional dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção e da Madeira) 24/08/2011

Diante das sucessivas tragédias que têm vitimado inúmeros adolescentes e crianças usuários dos parques de diversão no Brasil, são louváveis e mais do que necessárias as recentes blitz, bem como a sua divulgação pelos meios de comunicação.

Infelizmente, o Ramo da construção, de Norte a Sul do país, não tem tido a mesma sorte nem recebido a mesma atenção por parte do poder público que injeta bilhões nas construtoras. Nem da grande mídia privada que transforma, sem qualquer escrúpulo, a catástrofe em espetáculo.

Como atesta o acidente que vitimou nove operários que voaram para a morte ao despencar de um elevador a 28 metros de altura na Bahia, os canteiros de obras continuam abandonados pela fiscalização, com o trabalhador coisificado, transformado em peça descartável da engrenagem de dinheiro farto e lucro fácil.

É a certeza da impunidade que torna mais barato remediar do que prevenir, principalmente quando são dezenas de bilhões em recursos públicos, sangrado e sagrado do Fundo de Garantia (FGTS) e do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), que são canalizados generosamente para as empresas de construção, sem nenhuma exigência ou contrapartida social, como reivindicam os trabalhadores.

Assim, estimuladas pela ausência de fiscalização, as construtoras continuam descumprindo as mais elementares normas de segurança sem agir preventivamente. Pelo contrário, praticam longas e estafantes jornadas de trabalho, abusam da terceirização e da precarização em ambientes hostis, sem nunca dar a mínima para as Comissões Internas de Prevenção de Acidentes. CIPAs que, diga-se de passagem, são sempre acionadas posteriormente para tentar limpar a sujeira e o sangue, e abrandar o crime das empresas. 

Vale lembrar que em duas obras monumentais do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), onde atuam 35 mil operários, como nas usinas de Jirau e Santo Antônio, em Rondônia, há apenas um único auditor fiscal do trabalho. O resultado deste abandono não se fez esperar e pôde ser visto ao vivo e a cores em horário nobre, sem que as causas da revolta fossem noticiadas: as péssimas condições de trabalho a que eram submetidos por salários aviltantes.

Frente a tantas e tamanhas irresponsabilidades com a vida alheia, o ambiente, reconhecidamente penoso e periculoso da construção, lidera o ranking de acidentes de trabalho no Brasil, com choques, quedas e soterramentos se multiplicando aos milhares, com lesões, mutilações e mortes. Muitas mortes.

A situação é grave e as tragédias estão anunciadas. É preciso que os governos federal, estaduais e municipais atuem com uma força tarefa, urgentemente, para que os canteiros de obra deixem de ser um parque de diversões do capital.

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